Abertura do Setor Agrícola ao Capital Estrangeiro fortalecerá a produção Brasileira de grãos e Contribuição da Biotecnologia para o avanço da Produção Agropecuária

Publicado em 08 de novembro de 2016

Para fortalecer a posição brasileira na produção de alimentos e ajudar no abastecimento de mais de nove bilhões de pessoas até 2050, será necessário que o “país se transforme realmente numa agricultura capitalista, sem restrição ao investimento estrangeiro no setor”, foi o que afirmou o presidente do Instituto CNA (ICNA), Roberto Brant, no encerramento do seminário “Agro em Questão – Alimentos Saudáveis”, realizado na última terça (1 de Novembro), na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Em sua exposição, Brant alertou que o “mundo é muito desigual quando a questão é segurança alimentar”. Existem atualmente mais de 800 milhões de pessoas subnutridas, localizadas principalmente na África Ocidental e em várias regiões da Ásia. “O desafio é colossal”, avaliou.

Outro participante do debate, no painel “Desafios do Brasil à segurança alimentar”, foi o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Segundo ele, o Brasil possui as condições básicas para responder ao desafio proposto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de ampliar a produção e atender à demanda mundial por alimentos no futuro. Na avaliação de Rodrigues, algumas questões estratégicas precisam ser resolvidas com urgência, como o custo Brasil, a logística e as taxas de juros agrícolas, que atualmente são as mais elevadas do mundo. O ex-ministro defende, ainda, prioridade para o seguro rural que, no modelo atual, atende menos de 15% dos produtores. Outro ponto levantado por Rodrigues foi a busca brasileira por mais acordos comerciais. Depois de dizer que boa parte do comércio mundial é feito por meio de acordos bilaterais, ele concluiu: “O Brasil, infelizmente, não possui nenhum acordo bilateral relevante, sem contar o fato de o Mercosul ser um tango mal dançado”.

A contribuição da biotecnologia no campo para elevar os índices de produtividade e a qualidade dos produtos foi um dos temas debatidos no Seminário. A diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, afirmou que a posição de destaque do Brasil no atual cenário agropecuário mundial se deve ao aprimoramento do uso de biotecnologia.

Os benefícios da técnica no campo são inúmeros e vão desde o aumento da produtividade até a criação de sementes imunes a pragas e doenças.

“Está cada vez mais claro que os organismos geneticamente modificados (OGM) são uma ferramenta para tornar o cultivo de plantas mais eficiente e revolucionar a agricultura e a vida do produtor rural, já que não dependem da expansão de novas áreas cultivadas”, afirmou Adriana.

Produtos orgânicos – A palestra sobre produção orgânica foi apresentada pela chefe de gabinete do Programa Nacional de Orgânicos (PNO), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Renée Gebault King. O PNO atua como fornecedor de certificado de alimentos orgânicos para garantir a qualidade e comprovar a ausência de defensivos nos produtos. “A demanda por esses certificados vem crescendo nos últimos anos. Os produtores orgânicos buscam abrir novos mercados e reduzir as barreiras fitossanitárias no comércio exterior”, disse.

Já a importância do manejo correto dos defensivos agrícolas foi tema do painel “Monitoramento da qualidade dos alimentos in natura: padrões de qualidade e segurança dos alimentos”, conduzido pelo consultor em Tecnologia da CNA, Reginaldo Minaré. “O Brasil tem necessidade de utilizar defensivos agrícolas devido ao clima tropical que  favorece a proliferação de pragas e doenças. Sem esses produtos, muitas lavouras desapareceriam. Cabe ao produtor buscar a capacitação técnica e fazer o uso correto”, disse Minaré.

Para discutir o assunto foram convidados a professora da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade de Brasília (UnB), Eloísa Dutra e o especialista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Carlos Alexandre Oliveira.

Fonte: CNA