Entenda as vantagens e desvantagens da adubação a lanço

Publicado em 20 de outubro de 2016

Com o inicio da semeadura de soja, a partir de 15 de setembro, muitas preocupações surgiram juntamente com desenvolvimento da cultura de maior expressão do cenário agrícola do Brasil. Entre elas, qual é a melhor forma de aplicar o adubo.

Áureo Lantmann, de Mato Grosso de 15 até 30 de setembro, observamos lavouras em Mato Grosso, e ouvimos dos agricultores uma serie de preocupações, uma delas foi sobre os efeitos negativos, acumulados durante várias safras com adubação sendo aplicada a lanço.

Tem sido recorrente, durante a nossa expedição, encontrar lavouras de soja em que a adubação foi feita a lanço, ou seja, com o potássio e o fósforo espalhados sobre o solo, ao invés da adubação na linha no sulco de semeadura.

A adubação a lanço tem pontos positivos, mas tem também aspectos negativos. Agricultores alegam que essa pratica facilita a tarefa de semeadura, com agilidade e consequentemente reduzindo os gastos com operações de semeadura.

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A adubação a lanço do potássio para o cultivo da soja é, em determinadas situações, indicada. Por exemplo, em solos arenosos, com baixa CTC para se evitar a lixiviação, quantidades de K20 maior que 50 kg/ha, indica-se fazer a adubação de 1/3 dessa dose na semeadura ou em pré semeadura, e 2/3 em cobertura, 30 a 40 dias após a semeadura, respectivamente para cultivares de ciclo mais precoce ou mais tardio. Considera-se que o potássio é um nutriente de grande mobilidade no solo.

Também em solos com teor de potássio adequado ou alto, acima de 40 mg dm3, pode-se optar por aplicação toda a lanço. Especificamente no caso do fósforo há um complicador importante que deve ser considerado. o fósforo tem baixa mobilidade no solo, sobretudo nos mais argilosos.

Quando adubos fosfatados são aplicados ao solo, após sua dissolução, praticamente todo o P é retido na fase sólida, formando compostos menos solúveis. Todavia, grande parte do P retido é aproveitada pelas plantas. A grandeza dessa recuperação, que depende principalmente da espécie cultivada, é afetada por textura, tipos de minerais de argila e acidez do solo. Além disso, dose, fonte, granulometria e forma de aplicação do fertilizante fosfatado, rotação de culturas e sistema de preparo do solo também influem nesse processo.

A lanço o fósforo é adicionado na superfície do solo, ficando muitas vezes inertes (não reagindo) e concentrado nos primeiros centímetros do solo. A prática de adubação fosfatada a lanço, em solos com baixa concentração deste nutriente, torna o fósforo limitante, principalmente pela má distribuição no perfil do solo podendo comprometer o rendimento da soja principalmente quando houver falta de umidade.

Na safra passada, 2015/16, ocorreu em varias localidades do Brasil, onde se cultiva soja, estiagem severa. Esse fato tornou ainda mais pronunciado os efeitos negativos de adubação fosfatada a lanço. Com falta de umidade necessária para a mobilidade de fósforo, lavouras de soja foram afetadas também pela alta concentração desse nutriente nos primeiros centímetros dos solos.

A alternativa de semear adubo, ou seja, antes da semeadura, usar a semeadeira só com adubo, desta forma o adubo é enterrado na superfície do solo. Essa pratica tem vantagens sobre a adubação a lanço, o fósforo reage melhor com o solo.
O micronutriente zinco, Zn, pode se tornar indisponível quando o fósforo é muito concentrado no solo.

Em resumo, adubação a lanço para o potássio tudo bem, mas para o fósforo isso ao longo dos anos pode se tornar um grande problema.

Fonte: Canal Rural